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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

EGO

Um belo rapaz que,
todos os dias, ia contemplar seu rosto num lago.
Era tão fascinado por si mesmo que, certa manhã, quando procurava admirar-se mais de perto, caiu na água e terminou morrendo afogado.

Quando Narciso morreu, vieram as Oréiades – deusas do bosque – e viram que a
água doce do lago havia se transformado em lágrimas salgadas.
-Por que você chora? – perguntaram as Oréiades.
-Choro por Narciso.
-Ah, não nos espanta que você chore por Narciso – continuaram elas.
– Afinal de contas, apenas de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que tinha o oportunidade de contemplar de perto sua beleza.
-Mas Narciso era belo? – quis saber o lago.

Quem mais do que você poderia saber disso? ­ responderam, surpresas, as Oréiades.
Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias.
O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse:
Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo.
"Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas
margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, minha própria beleza reflectida".